Infecção por norovírus traz novos conhecimentos sobre os mecanismos da doença de Crohn

Por Docmedia

23 fevereiro 2023

A doença de Crohn (DC) é uma das apresentações da doença inflamatória intestinal, um distúrbio inflamatório crônico do intestino que pode afetar de forma significativa a qualidade de vida dos portadores. O tratamento disponível, embora mostre certa eficácia, é baseado na inibição crônica do sistema imune com importantes efeitos adversos e consideráveis taxas de recaída.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Nova York (Grossman School of Medicine) identificou uma potencial nova abordagem terapêutica para a DC que pode evitar algumas desvantagens da terapia atual. O artigo do grupo na Nature conta que as descobertas tiveram como base experimentos em modelos murino da DC e organoides intestinais contendo células humanas com predisposição à doença.

Um dos nortes da investigação foi a mutação ATG16L1, um gene ligado à autofagia. Embora o gene seja relacionado à maior predisposição para desenvolver Crohn, sua frequência na população geral dos EUA é tão alta quanto 50%, número consideravelmente maior que os 500 mil que efetivamente ficam doentes. O estudo atual identificou a proteína inibidora de apoptose 5 (API5) como o provável mediador da saúde intestinal em indivíduos saudáveis, ainda que possuam a mutação ATG16L1. API5 é produzida por um subconjunto de linfócitos T chamados linfócitos intraepiteliais do sistema imune (IEL).

Nos experimentos, foi visto que os tecidos habitualmente não desenvolviam sinais de DC ainda que portassem a mutação ATG16L1. Entretanto, a infecção dos tecidos por norovírus, uma infecção comum que causa vômitos e diarreia, desencadeou a DC nos modelos com mutação ATG16L1.

Foi descoberto que, para que isto ocorresse, o vírus promoveu bloqueio da secreção de API5 nos linfócitos IEL e isso resultou na morte das células de Paneth que revestem o intestino, tornando-o mais sensível a danos. Por outro lado, experimentos em direção contrária evidenciaram que era possível proteger as células de Paneth em modelos com mutação ATG16L1 com o fornecimento exógeno de API5.

Segundo os autores, ainda que mais pesquisas sejam necessárias para provar a segurança de tal abordagem, é possível que estimular IELs ou a reposição de API5 sejam estratégias benéficas para o tratamento da doença de Crohn.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-022-05259-y.epdf?sharing_token=RwRUgF14SSM6ghYLV7Z-8NRgN0jAjWel9jnR3ZoTv0MjtWC-FhbzQgMy9cXryoLtA–vV82FkNTu3et3qykGKv-gn-p_Dux8VC-OmhQ7CEMY4_MZP57ZOKobBT-rdNATwMm-r9h8-wWhOoyj_6ulUXSh7L2WsLvjGGVjjVsrDj9-QT_WjE06RbUANHse_dEoNkwwHFSRfBfBTwipUQHqfPomovi4OuhnrY6paT01JsA%3D&tracking_referrer=www.genengnews.com

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