A doença de Crohn (DC) é uma das apresentações da doença inflamatória intestinal, um distúrbio inflamatório crônico do intestino que pode afetar de forma significativa a qualidade de vida dos portadores. O tratamento disponível, embora mostre certa eficácia, é baseado na inibição crônica do sistema imune com importantes efeitos adversos e consideráveis taxas de recaída.
A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Nova York (Grossman School of Medicine) identificou uma potencial nova abordagem terapêutica para a DC que pode evitar algumas desvantagens da terapia atual. O artigo do grupo na Nature conta que as descobertas tiveram como base experimentos em modelos murino da DC e organoides intestinais contendo células humanas com predisposição à doença.
Um dos nortes da investigação foi a mutação ATG16L1, um gene ligado à autofagia. Embora o gene seja relacionado à maior predisposição para desenvolver Crohn, sua frequência na população geral dos EUA é tão alta quanto 50%, número consideravelmente maior que os 500 mil que efetivamente ficam doentes. O estudo atual identificou a proteína inibidora de apoptose 5 (API5) como o provável mediador da saúde intestinal em indivíduos saudáveis, ainda que possuam a mutação ATG16L1. API5 é produzida por um subconjunto de linfócitos T chamados linfócitos intraepiteliais do sistema imune (IEL).
Nos experimentos, foi visto que os tecidos habitualmente não desenvolviam sinais de DC ainda que portassem a mutação ATG16L1. Entretanto, a infecção dos tecidos por norovírus, uma infecção comum que causa vômitos e diarreia, desencadeou a DC nos modelos com mutação ATG16L1.
Foi descoberto que, para que isto ocorresse, o vírus promoveu bloqueio da secreção de API5 nos linfócitos IEL e isso resultou na morte das células de Paneth que revestem o intestino, tornando-o mais sensível a danos. Por outro lado, experimentos em direção contrária evidenciaram que era possível proteger as células de Paneth em modelos com mutação ATG16L1 com o fornecimento exógeno de API5.
Segundo os autores, ainda que mais pesquisas sejam necessárias para provar a segurança de tal abordagem, é possível que estimular IELs ou a reposição de API5 sejam estratégias benéficas para o tratamento da doença de Crohn.
Quer saber mais?