Identificado potencial biomarcador estratégico para forma neuropsiquiátrica de lúpus

Por Docmedia

6 setembro 2022

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é um distúrbio autoimune que pode afetar diversos sistemas orgânicos, desde a pele até o sistema nervoso central. Uma das formas mais graves da doença, o lúpus eritematoso sistêmico neuropsiquiátrico (LESNP), provoca graves manifestações que afetam o cérebro e a medula espinhal e acometem entre 14 e 80% dos portadores de LES.

A observação clínica sugere que o estresse crônico pode influenciar o curso do LES e outras doenças autoimunes, mas o mecanismo subjacente é desconhecido. Agora, pesquisadores da Universidade de Hokkaido anunciaram a identificação de um mecanismo desencadeado pelo estresse que está associado às manifestações do LESNP e pode tanto auxiliar o diagnóstico como dar origem a novos tratamentos.

O artigo do grupo na Annals of Rheumatic Diseases conta que o trabalho foi desenvolvido sobre uma apresentação clínica específica do LESNP com manifestações neuropsicológicas difusas (dLESNP). No estudo, foram utilizados camundongos que desenvolvem sintomas similares aos do lúpus e foram considerados modelos adequados de doença.

Uma vez que o foco principal da equipe era a forma como o estresse influencia a patogênese do lúpus, esses animais foram submetidos a estímulo estressante de privação do sono por 2 semanas. Como resultado, os animais desenvolveram sintomas da doença, entre eles manifestações do LESNP.

O cérebro desses animais estressados foi investigado por meio de técnicas de expressão gênica, o que revelou ativação exacerbada da área cerebral conhecida como córtex pré-frontal medial (CPFM). Nesta região, o grupo chegou a flagrar a expressão de até 509 genes afetada pelo estresse.

Dentre eles, mereceu destaque o aumento da expressão de um gene pró-inflamatório microglial crítico para a síntese das interleucinas 12 e 23 (IL12 e IL23), e cujo efeito final foi ativação microglial. Ainda nos animais estressados, o bloqueio das vias de IL12 e IL23 reverteu os sintomas neuropsiquiátricos nos animais.

Por fim, os autores relatam que também flagraram níveis de IL12 e IL23 sensivelmente elevados nos cérebros de portadores de dLESNP em comparação com indivíduos sadios, o que também sugere sua utilização como biomarcador da doença.

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Fonte: https://ard.bmj.com/content/early/2022/07/06/ard-2022-222566

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