Gestantes deveriam urgentemente ser grupo prioritário para vacina

Por Docmedia

11 abril 2021

Inicialmente deixadas de fora dos chamados grupos de risco para doença grave por covid-19 em função dos números apresentados por outros países, o Brasil hoje ostenta o triste título de país com mais mortes neste grupo populacional.

Em verdade, estudos recentes noticiam que o país responde por 77% das mortes de gestantes no mundo. Se os números brasileiros já não eram bons em 2020, o surgimento das novas cepas escancarou essa realidade.

As gestantes passaram a ser frequentes entre as internações em CTI, principalmente depois que a internação de idosos foi reduzida, possivelmente pela vacinação, e os jovens de 20 a 59 anos passaram a ocupar este lugar.

Percebendo essa tendência, pesquisadores da Universidade de Washington conduziram um estudo de coorte retrospectivo na tentativa de jogar luz sobre o assunto. Ao todo, o estudo avaliou 262 mulheres com idades entre 13 e 45 anos diagnosticadas com covid-19 sintomática entre 28 de maio e 22 de julho de 2020.

O desfecho primário da pesquisa foi a ocorrência de infecção grave pelo SARS-CoV-2, que foi avaliada utilizando dois critérios internacionais; World Health Organization Ordinal Scale for Clinical Improvement (WHOOSCI) e Novel Coronavirus Pneumonia Emergency Response Epidemiology Team (NCPERET).

Nesta coorte, 22 (8,4%) das mulheres eram gestantes. Os pesquisadores ajustaram os riscos por meio de regressão logística multivariável e encontraram um risco significativamente maior em gestantes de desenvolverem doença grave em comparação com as não gestantes.

Utilizando um intervalo de confiança de 95%, para o critério WHOOSCI, o risco relativo ficou em 3,59, enquanto a utilização do NCPERET encontrou risco relativo ajustado de 5,65. Com esses resultados, o estudo mostra a gravidez como um fator de risco independente para doença grave por SARS-CoV-2, sugerindo que a condução de pacientes com covid-19 sintomática deve ser extremamente diligente.

Além disso, os resultados fazem surgir a discussão sobre a oportunidade de inclusão dessas pacientes em grupos prioritários de vacinação, ainda que dados finais de segurança neste grupo não estejam disponíveis.

Fonte: American Journal of Obstetrics & Gynecology MFM https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2589933321000148#

Referência: Megan C. Oakes, Annessa S. Kernberg, Ebony B. Carter, Megan E. Foeller, Arvind Palanisamy, Nandini Raghuraman, Jeannie C. Kelly, American Journal of Obstetrics & Gynecology MFM, https://doi.org/10.1016/j.ajogmf.2021.100319..

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