A doença de Parkinson é a segunda principal causa de demência, afetando cerca de 10 milhões de indivíduos no mundo. Alterações motoras e cognitivas vistas na doença resultam de alterações na sinalização da dopamina causadas pela morte de neurônios dopaminérgicos. Fatores genéticos e ambientais têm sido correlacionados com as formas familiar e esporádica respectivamente.
A novidade é que pesquisadores do Empa e da Universidade de Limerick, na Irlanda, conseguiram demonstrar importante influência do cobre no processo central de agregação proteica visto no Parkinson. A publicação em ACS Chemical Neuroscience lembra que a alfa-sinucleína é uma proteína naturalmente produzida no organismo, mas que na doença de Parkinson mostra atuação anormal, aglomerando-se em agregados característicos. Também é lembrado que íons metálicos estabilizam a interação proteína-proteína e com isso podem modular a agregação proteica.
No estudo em questão, foi investigada a influência de íons de cobre (Cu) no processo de agregação da alfa-sinucleína. Foram utilizadas técnicas de microscopia de força atômica baseada em líquido e simulações de dinâmica molecular que permitem visualizar em detalhes o processo de agregação proteica. Utilizando a interface água-ouro, foi estudado o espectro de agregação da alfa-sinucleína na presença e na ausência dos íons de cobre.
Inicialmente em solução, a alfa-sinucleína forma estruturas filamentosas individuais insolúveis (1 micrômetro) que terminam por se agregar em uma densa rede de fibrilas. Quando adicionados íons de cobre, a alfa-sinucleína passou a se agrupar em estruturas completamente diferentes, anéis com 7 nanômetros, os oligomêros.
Vale ressaltar que já é conhecido o efeito desses oligômeros com resultado de dano celular. Além disso, todo o processo de agregação proteica (fibrilas individuais) parece ser acelerado pela exposição ao cobre.
Com tais resultados, os pesquisadores enfatizam a importância de considerar o cobre presente no ambiente, como em pesticidas, com possível papel na doença. Além disso, citam a oportunidade de detectar ou direcionar oligômeros como potencial alvo em novas estratégias de diagnóstico e tratamento.
Fonte: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acschemneuro.2c00021