Estudo investiga melhor estratégia da terapia anti-VEGF na retinopatia diabética

Por Docmedia

14 abril 2023

A retinopatia diabética ocorre quando os altos níveis séricos de glicose promovem danos aos vasos sanguíneos que nutrem a retina. Inicialmente, ocorre perda da função de barreira e extravasamento de fluido que resulta em edema macular; retinopatia diabética não proliferativa (RDNP).

A progressão da doença se dá com a proliferação de novos vasos sanguíneos, compondo a retinopatia diabética proliferativa (RDP). Edema macular e RDP são complicações da doença que induzem risco de perda da visão e são atualmente tratados com terapia direcionada ao fator de crescimento endotelial vascular (VEGF).

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Indiana demonstraram em seu estudo mais recente a provável melhor abordagem anti-VEGF para a doença. A publicação no Journal of the American Medical Association conta que o objetivo dos pesquisadores foi descobrir se o tratamento anti-VEGF aplicado na RDNP sem complicações e de forma preventiva seria mais eficaz em preservar a acuidade visual que a terapia anti-VEGF feita apenas para as complicações como é preconizado hoje.

Para isso, o estudo inscreveu 328 pacientes em que 399 dos 656 olhos apresentavam os critérios de inclusão no estudo, ou seja, RDNP moderada a grave, mas sem edema macular. Nesta coorte, 200 olhos foram designados para receberem injeções com terapia anti-VEGF (aflibercept 2mg) preventivamente, enquanto os 199 olhos restantes receberam placebo em injeções simuladas. Aflibercept foi aplicado nos meses 1, 2, 4 e, a seguir, a cada 4 meses até os 2 anos.

O tratamento preventivo continuou quadrimestral até o final do quarto ano, exceto quando a doença regrediu e se tornou leve. Já os participantes do grupo placebo que desenvolveram edema macular ou RDP receberam terapia anti-VEGF conforme necessário.

Na avaliação dos resultados, tanto aos 2 anos como ao final do estudo de 4 anos, embora o tratamento preventivo reduzisse o risco de desenvolvimento de PDR e edema macular, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em termos de acuidade visual e taxas de perda da visão. Ao longo do estudo de quatro anos, 34% dos olhos que receberam tratamentos preventivos apresentaram progressão da doença, em comparação com 57% daqueles no grupo.

Segundo os autores, ainda que com limitações, seus achados não suportam a recomendação da aplicação preventiva da terapia anti-VEGF na retinopatia diabética não complicada como forma de preservar a acuidade visual, ao menos no intervalo observado de 4 anos. Deste modo, segue a recomendação para que a terapia anti-VEGF siga sendo aplicada apenas nas complicações da doença até que novos dados em contrário estejam disponíveis.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2801058

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