Um estudo de pesquisadores da Universidade de Liège publicado no Journal of Experimental Medicine sugere que a atuação de neutrófilos esteja correlacionada ao aparecimento da síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em casos graves de covid-19. Embora um grande número de neutrófilos circulantes tenha sido apontado em quadros graves causados pelo SARS-CoV-2, o estudo belga sustenta que as lesões pulmonares vistas na doença são em decorrência de um grande número de armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs) depositadas nos tecidos pulmonares.
NETs são constituídas principalmente pelo material nuclear do neutrófilo e o conteúdo de seus grânulos citoplasmáticos de proteínas. Os pesquisadores compararam amostras de tecido pulmonar de pessoas que morreram por covid-19 com outras de pessoas mortas por outras doenças. Nos casos de covid-19, mas não nos demais, quantidades substanciais de NETs foram observadas em diferentes compartimentos do tecido pulmonar e exibindo características de dano alveolar difuso. O NETs foram identificados praticamente obstruindo os bronquíolos terminais responsáveis pelas trocas gasosas, provocando inflamação no tecido intersticial e até mesmo nos capilares sanguíneos em proximidade com microtrombos.
Nos vasos sanguíneos, os pesquisadores sugerem que os NETs podem formar uma plataforma para a adesão plaquetária em um possível mecanismo para a formação dos microtrombos já identificados nos quadros graves da doença. A equipe ressalta, porém, que essa relação de causalidade entre NETs e microtrombos requer estudos mais aprofundados. Em conjunto, os dados do estudo sugerem que o aumento de neutrófilos circulantes propicie os quadros graves de covid-19 por meio da entrega de grande quantidade de NETs ao tecido pulmonar.
Fonte: Journal of Experimental Medicine https://bit.ly/3lc2ysH
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