Os tumores cerebrais na infância geralmente são agressivos e possuem prognóstico extremamente reservado. Em verdade, a sobrevida média dessas crianças fica em torno de 2 anos. Em virtude das características deste grupo de patologias, os pesquisadores suspeitam há tempos que sua origem é bem precoce. A novidade é que pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, fizeram grandes avanços ao investigar o tema mais profundamente. O artigo foi publicado na Nature Genetics e narra que foram utilizadas técnicas de sequenciamento de células únicas e análise de dados em larga escala.
Os pesquisadores compilaram o primeiro perfil abrangente de células individuais da região da ponte e do cérebro anterior, locais mais frequentes de surgimento deste grupo de tumores em crianças. A equipe de pesquisa estabeleceu a identidade molecular dos tipos de células bem como a dinâmica subjacente à sua diferenciação nas regiões de interesse. Eles criaram então um atlas de mais de 65.000 células individuais e definiram a dinâmica de desenvolvimento para 191 populações celulares distintas. Com isso, foi possível identificar uma origem comum para esses tumores ainda no período pré-natal. Algumas dessas células sofrem uma parada no seu desenvolvimento e na expressão gênica, sendo que isto ocasiona sua conversão em malignidade.
A grande chance de combater os tumores pediátricos é identificar o processo biológico que o causou e interferir. Desta forma, o presente trabalho é importante por ter identificado uma alteração comum dessas neoplasias, onde um grupo de células sofre bloqueio em seu desenvolvimento, o que favorece o surgimento da malignidade. Além disso, esse novo conhecimento estabelece o racional para o desenho futuro de intervenções terapêuticas visando desbloquear o desenvolvimento dessas células vulneráveis.
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