Estudo encontra relação inesperada entre duas frequentes vias de promoção do câncer

Por Docmedia

8 setembro 2022

A principal força motriz do câncer é a ocorrência de alterações genéticas que alteram a função de proteínas ou das vias de que elas participam. Essas alterações permitem que as células cancerígenas obtenham as condições que precisam para proliferarem sem controle.

Agora, pesquisadores da Universidade Wisconsin-Madison anunciaram terem descoberto que dois dos mais comuns promotores genéticos do câncer, que se acreditava funcionarem de forma independente, atuam em conjunto. A publicação em Nature Cell Biology conta que o foco do trabalho foram a proteína p53, que atua no núcleo celular para responder ao estresse, e a via PI3K-Akt, uma via celular associada a processos como proliferação celular, apoptose, angiogênese e metabolismo glicídico.

Segundo os autores, já se sabe que as moléculas lipídicas que ativam a via PI3K-Akt nas membranas também estão presentes dentro do núcleo, embora sua função nessa localização permaneça inexplicada. Para investigar isso, a equipe utilizou medicamentos quimioterápicos para provocar estresse celular em células cancerígenas e dano ao DNA durante o processo de replicação.

Deste modo, foi visto que enzimas participantes da via PI3K-Akt se ligam à proteína p53 mutada no núcleo e favorecem a ligação de mensageiros lipídicos à p53. Ainda segundo os autores, o fenômeno descrito é vital, pois, em vez de direcionar a célula danificada pela quimioterapia para a morte celular por apoptose, a direciona para o reparo de DNA e manutenção do processo proliferativo.

Além disso, a inesperada descoberta da atuação conjunta de p53 e via PI3K-Akt no núcleo podem ter implicações dramáticas para o tratamento atual do câncer. Os medicamentos que visam o PI3K operam direcionando uma enzima diferente da envolvida na via descoberta agora pela equipe.

A enzima identificada no esforço atual se chama IPMK e foi visto nos experimentos que torná-la inativa impede que as proteínas p53 se liguem e ativem a via Atk. Por fim, foi identificada uma outra enzima, PIPKa, que provou ser reguladora chave da ativação nuclear de p53 e Akt no núcleo celular.

A inibição genética ou farmacológica de PIPKa reduz a expressão de p53 mutante, impedindo a ativação de Akt e, por fim, matando as células cancerígenas.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41556-022-00949-1

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