Estudo em organoides ilumina o papel do açúcar na doença renal policística

Por Docmedia

13 março 2023

A doença renal policística (DRP) é uma condição incurável e progressiva que afeta cerca de 12 milhões de pessoas em todo o mundo. A forma mais comum é hereditária e autossômica dominante, resultando na formação de múltiplas cavidades oriundas das estruturas ductais do rim que são preenchidas por líquido e terminam por comprometer a função do tecido renal normal promovendo insuficiência crônica.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Washington anunciaram um estudo recente sobre a descrição de um mecanismo que pode originar futuras abordagens terapêuticas. A publicação em Nature Communications conta que a equipe de Washington investiga a DRP há anos por meio de organoides renais.

Em tecido renal cultivado em placas, por exemplo, o grupo demonstrou que o aumento dos níveis de açúcar no meio de cultura promove crescimento dos cistos típicos de DRP, ao passo que drogas que bloqueiam a absorção renal de açúcar funcionam de maneira inversa. Os organoides renais são estruturas compostas por células renais humanas desenvolvidas a partir de células-tronco que repousam em um arcabouço que permite a formação de túbulos e unidades de filtragem como ocorre no rim.

Visando investigar os ainda desconhecidos mecanismos subjacentes à cistogênese na DRP, os pesquisadores uniram o sistema organoide com um chip microfluídico com o objetivo de avaliar a contribuição do fluxo dentro do órgão para a doença. Digno de nota, os organoides utilizados no estudo foram editados geneticamente para desenvolver cistos imitando o que ocorre na DRP.

Durante o período de acompanhamento do estudo, como era esperado, os cistos DRP se desenvolveram bem nos organoides porque já havia sido documentada a relação entre DRP e taxas fisiológicas de fluxo como as utilizadas no experimento. A grande surpresa, no entanto, foi que o processo de crescimento dos cistos envolvia também um mecanismo de absorção de líquido ligado ao açúcar e ainda não descrito.

O que se supunha era que os cistos evoluíam a partir do extravasamento de líquido a partir das células de sua parede. Entretanto, o que foi visto foram as células da parede dos cistos nos organoides se posicionaram com os ápices voltados para fora dos cistos. Tal arranjo sugere que os cistos crescem puxando um fluido rico em açúcar, não secretando o líquido.

Segundo os autores, o achado é importante por desvendar o mecanismo de cistogênese nos organoides renais, mas precisará ainda ser validado em modelos animais e no ser humano. Se isto ocorrer, os resultados serão ainda mais significativos, porque há todo um arsenal de moléculas capazes de promover o bloqueio da absorção de açúcar nos rins e se tornariam alternativas atraentes para testes terapêuticos.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-35537-2

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