Estudo do tamanho celular como instrumento de personalização da terapia no melanoma

Por Docmedia

2 março 2023

O melanoma é o mais agressivo dos cânceres de pele e por isso o grande interesse em seu estudo. Hoje é sabido que a doença é conduzida por duas principais mutações genéticas. Enquanto em cerca de 60% dos pacientes o melanoma carrega uma mutação no gene BRAF, em outros 20 a 30% dos pacientes o câncer é conduzido por uma mutação em NRAS.

A novidade é que pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres foram mais fundo nessa diferenciação e descobriram um potencial instrumento de personalização da terapia do melanoma a partir do tamanho das células cancerígenas. A publicação na Science Advances comenta que um dos resultados do melanoma ser promovido por mutação BRAF ou NRAS é que a primeira resulta em células muito pequenas enquanto a segunda induz células com tamanho maior.

Apesar de isso não parecer importante a princípio, também foi descoberto que o tamanho celular tem íntima relação com o tipo de resistência medicamentosa apresentada pelas células cancerígenas. Como exemplo, os experimentos mostraram as células menores de melanoma sendo capazes de tolerar níveis mais altos de dano ao DNA, pois estão muito concentradas em proteínas como PARP, BRCA1 e ATM1 que reparam o DNA.

Em contraste, as células maiores por mutação em NRAS exibiam menor atividade de reparo de DNA e maior acúmulo de mutações a aumento de tamanho. Em consequência, tais alterações sugeriram aos pesquisadores que as células menores tendem a ser mais sensíveis a drogas que bloqueiam o processo de reparo do DNA (inibidores de PARP) e que promovem dano direto ao DNA (quimioterapia) ao passo que as células cancerígenas maiores e com maior número de mutações tendem a ser mais facilmente reconhecidas como estranhas pelo sistema imune e por isso podem ser mais sensíveis à imunoterapia.

Os pesquisadores entendem que a base para todas essas observações pode ser a influência de BRAF e NRAS sobre a regulação dos níveis da proteína CCND1, cujas funções incluem atuação na divisão e crescimento celular, além da manutenção do citoesqueleto.

Segundo os autores, as modernas técnicas de imagem, de análise de tamanho e de proteômica utilizadas no trabalho podem permitir que o patologista já execute um exercício de previsão sobre quais abordagens terapêuticas têm maior chance de sucesso em um determinado melanoma.

Além disso, podem ser imaginadas até mesmo abordagens para direcionar o tamanho celular e, por conseguinte, seu padrão de resposta. Por fim, os autores pontuam que, embora o estudo tenha se dado em cima do melanoma, já há indícios de que tal mecanismo pode ser válido para tumores mamários e de cabeça e pescoço.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.add0636

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