A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo. Sua etiologia é complexa, envolvendo fatores de risco genéticos e ambientais apenas parcialmente definidos. Dentre os fatores adquiridos, algumas infecções já foram sugeridas como potenciais promotoras da doença. Agora, pesquisadores da Griffith University demonstraram que uma bactéria causadora de infecções respiratórias também pode ser um fator de risco para Alzheimer.
A publicação na revista Scientific Reports conta que a equipe utilizou camundongos para promover um desafio de infecção pela bactéria Chlamydia pneumoniae. Com os animais infectados, os pesquisadores acompanharam o desenrolar da infecção e fizeram importantes descobertas. Foi visto que, a partir do nariz, C. pneumoniae consegue penetrar rapidamente (72 horas) infectando o nervo olfatório, bulbo olfatório e cérebro.
Curiosamente, a infecção também resultou em desregulação das principais vias envolvidas na patogênese da doença de Alzheimer documentadas entre 7 e 28 dias após a inoculação nasal do patógeno. Além disso, os pesquisadores detectaram deposição de placas de proteína beta-amiloide, lesão característica de Alzheimer, nas proximidades das inclusões de C. pneumoniae no sistema olfativo.
Também foi visto que lesões no epitélio nasal funcionaram como facilitadoras da infecção do nervo olfatório e do bulbo olfatório embora isso não tenha influenciado a infecção geral do sistema nervoso central. Por fim, experimentos in vitro comprovaram a capacidade da Chlamydia pneumoniae infectar nervos periféricos e glia do sistema nervoso central.
Atualmente, o objetivo da equipe é levar essa pesquisa para humanos com o objetivo de saber se a via de infecção do nervo olfatório pela C. pneumoniae funciona do mesmo modo.
De todo modo, os autores afirmam que o trabalho feito até o momento mostra que C. pneumoniae consegue invadir rapidamente o sistema nervoso central a partir dos nervos da cavidade nasal e induzir alterações cerebrais compatíveis com a doença de Alzheimer.
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