Estudo desvenda importante mecanismo de tolerância imune na mucosa intestinal

Por Docmedia

23 fevereiro 2023

Há muito tempo é conhecido que o intestino dos mamíferos é habitado por trilhões de bactérias, vírus e fungos que lá convivem em simbiose com o hospedeiro. Curiosamente, em vez de atacar esses microrganismos, o sistema imune mostra tolerância em um mecanismo que ainda não é bem compreendido. Prova de sua importância são evidências de que essa tolerância é quebrada na doença inflamatória intestinal (DII), com os microrganismos passando a receber ataques que redundam em inflamação intestinal.

A novidade é que pesquisadores da Weill Cornell Medicine conseguiram um entendimento mais refinado desse mecanismo, o que pode originar poderosos tratamentos contra a DII e outros distúrbios autoimunes. A publicação em Nature conta que a equipe utilizou técnicas de sequenciamento de células única e imagens fluorescentes in vivo para delinear a população de células imunes nos linfonodos que drenam o intestino de camundongos saudáveis.

O esforço foi concentrado em células expressando o fator de transcrição RORyt, envolvido na indução de inflamação ou tolerância a micróbios intestinais. Foi descoberto que as células imunes mais abundantes nesses linfonodos são linfócitos T e ILC3s. Estas últimas são uma contraparte inata das células T, funcionando como primeira linha de defesa em mucosas. Outra observação importante foi a estreita relação entre células ILC3 e T reguladoras (Tregs) com função imunossupressora.

Basicamente, as células ILC3 apresentam antígenos de bactérias simbióticas às Tregs, impulsionando sua população que age via antígenos específicos para induzir tolerância à microbiota nativa. Em um experimento, o grupo retirou a molécula de superfície MCH classe II que as células ILC3 de camundongos utilizam para apresentar os antígenos às Tregs. Como resultado, essa interação foi interrompida, houve aumento de células T auxiliares (Th17) e os animais desenvolveram inflamação intestinal.

Finalmente, os pesquisadores estudaram tecidos de portadores de DII humanos e confirmaram a interrupção da interação entre células ILC3 RORyt+ e Tregs RORyt+. Segundo os autores, seus dados potencialmente explicam a tolerância imune prejudicada na DII e sugerem a reabilitação da atividade ILC3 como terapia potencial.

No momento, o objetivo é entender como as células ILC3 distinguem microrganismos simbióticos daqueles causadores de doenças.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-022-05141-x

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: