Estudo desenvolve estratégia para prever a resposta do câncer de mama à quimioterapia

Por Docmedia

7 fevereiro 2023

O novo ramo da oncologia de precisão visa a obtenção da melhor resposta terapêutica em um paciente individual, assim como a abstenção de terapêutica desnecessária ou prejudicial. Em outras palavras, objetiva prever o que vai funcionar e o que não vai funcionar para cada paciente em particular.

Habitualmente, esse trabalho tem sido feito por meio de sequenciamento genômico, direcionando a terapia para agentes com potencial para interferir com o oncogene com maior dominância sobre a progressão da doença em um determinado caso. Contudo, na prática, certos tumores desafiam fortemente essa estratégia. Esse é o caso dos cânceres de mama, que, à exceção dos tumores HER2, não possuem um claro fator de dependência oncogênica.

Agora, um estudo de pesquisadores do Centro Nacional de Investigações Oncológicas (CNIO – Espanha) desenvolveu uma nova estratégia para prever o resultado de um dos quimioterápicos mais utilizados em pacientes com o tipo mais comum de câncer de mama. A publicação em Nature Communications lembra que o paclitaxel é utilizado na quimioterapia tradicional de diversos tipos de câncer e que o câncer de mama HER2 negativo representa cerca de 85% dos tumores diagnosticados na mama.

O problema é que os tumores HER2 negativos são um grupo extremamente heterogêneo e provavelmente resultado de várias mutações oncogênicas, dificultando a concepção de terapias direcionadas.

No trabalho, a equipe do CNIO preteriu a investigação genômica e priorizou a análise do conjunto de proteínas expressas nos tumores (proteômica). Isso foi feito porque estudos anteriores do grupo mostraram que, apesar de grande diversidade genômica, apenas um pequeno grupo de alterações proteicas se mostra presente. Em tese, esse fato sugere a análise proteômica como um caminho viável quando inexiste dependência oncogênica clara

No estudo, de 130 amostras de tumores de mama HER2 negativos tratados com paclitaxel, os pesquisadores realizaram a análise proteômica e a relacionaram com as respostas ao quimioterápico. A estratégia evidenciou que tumores com altos níveis das proteínas CDK4 e filamina mostram resposta terapêutica positiva ao paclitaxel em 90% dos casos.

Segundo os autores, apesar de a descoberta não ser imediatamente aplicável à clínica por precisar de mais estudos clínicos e epidemiológicos, os dados sugerem a inédita identificação de marcadores extremamente precisos para a resposta ao paclitaxel no câncer de mama HER2 negativo.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-35065-z

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