A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma patologia na qual ocorre excessivo acúmulo de triglicerídeos no fígado provocando um quadro de esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) que representa a forma inflamatória que pode causar fibrose tecidual avançada, cirrose e aumenta o risco de hepatocarcinoma. É sabido que o processo de fibrose é mediado pela ativação das células estreladas hepáticas (HSCs), porém ainda não foram desenvolvidas drogas comprovadamente eficazes contra a fibrose.
A novidade é que pesquisadores da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai anunciaram a identificação de novos alvos terapêuticos potenciais em trabalho recente. A publicação na Science Translational Medicine conta que o grupo utilizou sequenciamento de RNA nuclear único e avançadas técnicas de imagem em 3D em tecido hepático humano e de camundongos para caracterizar aspectos desconhecidos do funcionamento das HSCs durante seu processo de ativação.
Além do modelo murino de DHGNA com esteato-hepatite avançada foram utilizadas amostras de tecido de nove indivíduos portadores da doença no mesmo estágio clínico e de dois controles saudáveis. Com essa estratégia, foi identificado um número compartilhado de 68 pares de potenciais alvos de drogas nas duas espécies. Outros experimentos confirmaram a importância de ao menos um desses pares de proteínas, NTF3-NTRK3.
Os pesquisadores aproveitaram o desenvolvimento anterior de uma molécula criada para inibir o NTRK3 (receptor neurotrófico tirosina quinase 3-neurotrofina 3) em cânceres humanos e a testaram nos modelos murinos com esteato-hepatite não alcoólica.
O resultado da tentativa foi a inibição da ativação das HSCs humanas em cultura e reverteu a fibrose derivada de esteato-hepatite não alcoólica em camundongos. Segundo os autores, tais resultados servem como prova de princípio a sugerir que inibidores NTRK3 sejam otimizados como opção terapêutica contra a fibrose da DHGNA.
Além disso, o aprofundamento das investigações em cima de outros alvos terapêuticos potenciais indicados pelo trabalho podem resultar em considerável ampliação do arsenal terapêutico contra a condição.
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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.add3949