Estudo amplia o conhecimento sobre a ação do canabidiol contra as convulsões epiléticas

Por Docmedia

24 abril 2023

Nos últimos anos, tem havido grande disseminação de informações sobre as qualidades dos derivados de Cannabis sativa, em especial o canabidiol (CBD), para o combate de uma série de doenças. Em especial, o CBD tem mostrado efetivos resultados no tratamento de algumas síndromes convulsivas de difícil tratamento.

Agora, pesquisadores da Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York publicaram um novo estudo descrevendo um mecanismo de ação anticonvulsivante ainda inédito do CBD. O artigo na revista Neuron conta que o trabalho foi desenvolvido em uma série de modelos murinos de epilepsia e teve como foco o lisofosfatidilinositol (LPI), uma molécula com função excitatória neuronal.

Os experimentos mostraram como o pulso elétrico é enviado através da célula neuronal até alcançar a região da sinapse e, então, desencadeia a liberação de neurotransmissores que preenchem a lacuna até o próximo neurônio e o estimulam conforme a natureza do neurotransmissor predominante (excitação versus inibição).

Ocorre que um fino equilíbrio entre as funções excitatória e inibitória é requerido para o funcionamento normal do cérebro, podendo a hiperexcitação promover crises convulsivas. Além dos fluxos de corrente elétrica, os pesquisadores investigaram a biologia do LPI quando em falta ou suas flutuações associadas às crises convulsivas.

Confirmando observações anteriores, foi visto que o LPI se associa ao receptor 55 acoplado a G (GPR55) aumentando a liberação pela célula do principal neurotransmissor excitatório, o glutamato. Além disso, quando o LPI ativou o GPR55 do outro lado da sinapse, enfraqueceu os sinais de inibição neuronal ao diminuir o suprimento e o arranjo adequado das proteínas necessárias ao processo inibitório.

Outros experimentos em animais que tiveram exclusão genética do GPR55 ou foram tratados com CBD resultaram em bloqueio da ação do LPI, detalhando o mecanismo pelo qual GPR55 havia sido visto como um alvo interessante para o controle de convulsões.

Segundo os autores, seus dados sugerem que o CBD pode interferir em um ciclo vicioso no qual convulsões aumentam a sinalização LPI-GPR55, o que, por sua vez, aumenta os níveis de LPI e GPR55. Esse feedback excitatório positivo pode mesmo ser a explicação para crises epiléticas subentrantes, mas tal afirmação carece de mais estudos.

Por fim, outro ponto importante foi o estudo da sinalização endocanabinoide que inclui LPI (excitatória) e 2-araquidonoilglicerol (2-AG), que é inibitória. Dito isto, estratégias anticonvulsivantes podem incluir intervenção na via do LPI ou promover sua conversão em 2-AG.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cell.com/neuron/fulltext/S0896-6273(23)00066-1?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0896627323000661%3Fshowall%3Dtrue

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