O envelhecimento é um processo universal que afeta progressivamente as células do organismo favorecendo a perda progressiva de função em diferentes órgãos e tecidos. No olho, por exemplo, o envelhecimento é associado a maior risco de glaucoma, doença em que o aumento da pressão intraocular é um conhecido fator de estresse celular e tecidual.
A novidade é que pesquisadores da Universidade da Califórnia (Irvine) demonstraram que o aumento da pressão intraocular ocasionado pelo glaucoma promove no tecido retiniano alterações epigenéticas compatíveis com aquelas encontradas no processo natural de envelhecimento. A publicação em Aging Cell lembra que há uma compreensão limitada acerca do impacto molecular do envelhecimento na resposta ao estresse na retina.
Para melhor investigar o processo, os pesquisadores utilizaram um modelo murino de aumento da pressão intraocular. Nos animais, foi demonstrado que a suscetibilidade à resposta ao estresse aumenta com a idade e é estimulada no nível da cromatina. Nos experimentos, o aumento repetido da pressão intraocular ativou uma resposta celular ao estresse envolvendo inflamação e senescência celular, à semelhança do que é encontrado durante o processo natural de envelhecimento.
Em outras palavras, ficou demonstrado que o aumento da pressão intraocular promove de forma independente, mas também relacionada à idade, o mesmo tipo de alteração epigenética que o envelhecimento. Ou seja, o aumento da pressão intraocular promove envelhecimento retiniano acelerado sugerindo que estratégias para detecção e controle precoce da pressão intraocular podem ser importantes para a preservação da visão.
Segundo os autores, em humanos a pressão intraocular tem um ritmo circadiano e suas flutuações no longo prazo têm sido relatadas como um forte preditor para a perda de células ganglionares da retina e progressão do glaucoma. Sendo assim, abordar esse ciclo prevenindo as altas poderia anular o envelhecimento causado por estresse e preservar células ganglionares e a visão em última instância.
No momento, a equipe trabalha na compreensão do processo de envelhecimento da retina em busca de potenciais alvos terapêuticos e testando potenciais abordagens para tentar prevenir o envelhecimento retiniano acelerado decorrente de estresse celular.
Quer saber mais?
Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acel.13737