As células saudáveis do tecido mamário normalmente possuem receptores de estrogênio (RE) que interferem em uma série de suas funções. Mesmo quando ocorre transformação maligna na mama, a grande maioria das lesões se mantém positiva para o RE. A perda dos RE é uma característica de tumores mamários mais agressivos, mas também um importante mecanismo de criação de resistência medicamentosa.
Neste caso, tumores originalmente do RE positivos perdem a expressão do RE no mesmo momento em que se tornam resistentes à terapia. A novidade é que pesquisadores do Baylor College of Medicine anunciaram terem desvendado o mecanismo por trás da perda de expressão do RE, o que traz esperança de que um dia seja possível reverter tumores resistentes novamente a um estado responsivo à terapia.
A publicação em Proceedings of National Academy of Sciences conta que o grupo já tinha algum conhecimento do envolvimento de determinados componentes moleculares, como 14-3-3t, ERa36, AKT e GATA3, na perda de expressão de ER pelos tumores mamários. Inicialmente, utilizando modelos murinos de câncer de mama RE positivos os pesquisadores descobriram que a superexpressão de 14-3-3t fez com que todas as células cultivadas se tornassem RE negativas.
Contudo, estudar mais profundamente o fenômeno em pacientes ou modelos animais significava ter que aguardar períodos que poderiam alcançar anos (humanos) ou meses (camundongos) para que a transformação ocorresse. Para evitar isso, o grupo desenvolveu um organoide mamário 3D que desenvolve a perda de expressão de RE entre 1 a 2 semanas.
No modelo esferoide, a equipe descobriu que a superexpressão da proteína 14-3-3t participa de uma via que resulta no aumento de ERa36 mediado com participação de AKT e GATA3, o que finalmente resulta em perda da expressão de RE.
Segundo os autores, aproximadamente 60% dos tumores mamários apresentam superexpressão de 14-3-3t. Embora nem todos efetivamente perderão a expressão de RE, para aqueles em que isso acontece, o estudo atual identificou uma via como alvo terapêutico potencial e desenvolveu uma preciosa ferramenta para testar novas drogas.
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