Seja pelo prolongamento da gestação até além de seu termo, ou pela ocorrência de intercorrências como diabetes gestacional ou patologias hipertensivas, é cada vez maior o rol de indicações para a indução eletiva do parto vaginal. Os dois métodos mais utilizados, indução farmacológica com prostaglandinas (misoprostol) e indução mecânica por balão (método de Krause) foram mostrados como equivalentes em eficiência por estudos.
Agora, pesquisadores da Monash Health e da Monash University conduziram um estudo para encontrar o método mais seguro. A publicação em The Lancet mostra que a equipe realizou uma extensa metanálise englobando ensaios clínicos randomizados publicados e não publicados com dados de nascimentos de gestações únicas ocorridos entre 19 de março de 2019 e 1 de maio de 2021.
Os desfechos primários pesquisados foram parto por cesariana (eficácia), indicação para parto por cesariana (misto), resultado perinatal adverso composto (segurança do feto) e resultado materno adverso composto (segurança materna). Estatisticamente, foi utilizado o princípio da intenção de tratar para a análise principal. A meta-análise primária usou modelos de efeitos aleatórios de dois estágios e a análise de sensibilidade usou modelos mistos de um estágio. Todos os modelos foram ajustados para idade materna e paridade.
Ao total, foram incluídos 12 estudos com uma coorte total de 5.460 mulheres. A taxa cesariana não teve diferença significativa entre os grupos com Krause e prostaglandina (12 ensaios, 5.414 mulheres; incidência bruta 27,0%; OR ajustado [aOR]=1,09; IC 95% 0,95–1 ·24; I 2 =0%). O mesmo foi encontrado para parto cesáreo por falha de progressão (11 ensaios, 4601 mulheres; aOR 1,20, IC 95% 0,91–1,58; I 2 =39%) ou cesariana indicada por sofrimento fetal (10 ensaios, 4.441 mulheres; aOR 0,86, 95% CI 0,71-1,04; I 2=0%).
O resultado perinatal adverso composto foi menor em mulheres induzidas com Krause em comparação àquelas que utilizaram prostaglandinas vaginais (10 ensaios, 4.452 recém-nascidos, incidência bruta 13,6%; aOR 0,80, IC 95% 0,70–0· 92; I 2 =0%). Não houve diferença significativa no resultado materno adverso composto (10 ensaios, 4326 mulheres, incidência bruta 22,7%; aOR 1,02, IC 95% 0,89–1,18; I 2 =0%).
Segundo os autores, seus resultados equivalem os dois métodos em termos de segurança materna e eficácia comparáveis, mas o Krause leva a menos efeitos adversos para o feto que o misoprostol.
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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)01845-1/fulltext