Anticorpo monoclonal mostra potencial prático contra a malária em estudo

Por Docmedia

7 março 2023

O ano de 2020, em que pese a pandemia de coronavírus, contou com 241 milhões de casos de malária que resultaram em aproximadamente 627 mil mortes. A maioria dos casos ocorre na África e em outras regiões endêmicas da doença, como o norte do Brasil.

Esses números mostram a necessidade de novas estratégias de enfrentamento, ainda mais quando as iniciativas para uma vacina não tiveram sucesso até o momento. Nesse contexto, os anticorpos monoclonais surgiram como abordagem promissora de tratamento e prevenção, uma percepção que um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Maryland vem agora reforçar.

Publicação recente em The Lancet Infectious Diseases traz os últimos resultados de um anticorpo monoclonal desenvolvido no Centro de Desenvolvimento de Vacinas e Saúde Global da universidade. O novo estudo é focado no anticorpo monoclonal CIS43LS que já havia mostrado bons parâmetros de proteção ao ser administrado por injeção intravenosa em dosagens de 20 ou 40mg/Kg de peso. Na rodada atual, foram recrutados 29 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 50 anos e sem histórico anterior de infecção pelo Plasmodium falciparum ou vacinação para malária.

Os participantes receberam uma dose única de CIS43LS de 1,55 ou 10mg/KG de peso administrada por injeção intravenosa ou subcutânea. Além disso, oito voluntários serviram como controles e não receberam o imunizante. Após oito semanas da imunização, todos os participantes passaram por um desafio de infecção em que foram picados cinco vezes por mosquito infectado com uma cepa de P. falciparum em ambiente controlado.

Durante o período de acompanhamento de 24 semanas, uma dose única de CIS43LS a 5-10 mg/kg administrada por via subcutânea ou intravenosa forneceu proteção de alto nível contra uma infecção controlada por malária humana com proteção parcial alcançada com 1 mg/kg administrado por via intravenosa. Oito participantes de controle que não receberam o anticorpo monoclonal desenvolveram malária. Além disso, avaliações imunológicas sugerem um nível de proteção que pode se estender por até 6 meses.

Segundo os autores, a rodada atual do estudo foi importante por demonstrar ser viável conseguir níveis adequados de proteção contra a doença com doses menores e com uma via de administração prática o suficiente para permitir a implantação de estratégias em larga escala e condições de mundo real. Também merece destaque que os eventos adversos do anticorpo monoclonal foram leves e incluíram dor ou vermelhidão no local da infusão, dor de cabeça, dor abdominal e hipertensão, que foram resolvidos em um dia.

No momento, os autores focam em encontrar a dose ideal para crianças e determinar a segurança do imunizante em mulheres grávidas.

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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099(22)00793-9/fulltext

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