Anticorpo monoclonal em dose única fornece proteção contra a malária

Por Docmedia

21 dezembro 2022

A infecção pelo parasita Plasmodium falciparum é a principal causa para centenas de milhões de casos de malária anualmente e mais de 600.000 mortes. Esquema vacinal para bebês e medicamentos utilizados para quimioprevenção são as principais estratégias para reduzir esses números, mas a necessidade recorrente de doses e o aumento dos casos de resistência do mosquito aos inseticidas e do parasita aos medicamentos tem sido um desafio.

Agora, pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) e colegas de Mali anunciaram que um novo anticorpo monoclonal conseguiu altos níveis de proteção contra a doença com apenas uma dose. A publicação no New England Journal of Medicine conta que o novo anticorpo foi construído a partir de uma forma natural coletada no sangue de um voluntário que recebeu uma vacina experimental para malária.

A molécula foi então modificada para aumentar seu tempo de permanência na corrente sanguínea, dando origem ao anticorpo CIS43LS. O novo anticorpo foi testado em um estudo de Fase II de duas partes em 369 adultos saudáveis (grávidas foram excluídas) durante 24 semanas em uma temporada de malária no Mali. O CIS43LS tem como alvo a principal proteína expressa pelo P. falciparum que visa a invasão dos hepatócitos do hospedeiro pelos esporozoítos.

A primeira parte do estudo foi um escalonamento de dose para avaliar segurança em que três grupos de seis participantes receberam injeção intravenosa do CIS43LS na dose de 5 mg/kg, 10 mg/kg ou 40 mg/kg. Já a segunda parte comparou a eficácia de duas dosagens do anticorpo (10mg/kg e 40 mg/kg) com placebo.

Com relação à segurança, não ocorreram efeitos adversos classificados como graves com o CIS43LS, com os demais efeitos adversos documentados sendo classificados como leves e não relacionados à medicação. Quanto à eficácia, houve 78% de infecção por malária no grupo placebo, ao passo que altos níveis de proteção foram documentados com CIS43LS, sendo que a menor dose alcançou 75% de proteção e na dose mais alta esse percentual chegou a 88,2%.

Com os dados sugerindo ser uma única dose intravenosa de CIS43LS uma boa ferramenta de prevenção, a equipe desenvolveu e já testa o anticorpo L9LS, de uso subcutâneo e meia vida mais longa.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2206966

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