Insuficiência renal crônica é a condição na qual os rins perdem a capacidade de exercer suas funções básicas de excreção e controle hidroeletrolítico. Com efeito, o habitual é que a perda completa da função de um órgão vital leve o organismo à morte.
Entretanto, a nefrologia foi efetivamente a primeira “vitória” da ciência contra a morte a partir do advento da hemodiálise. Apesar de preservar a vida de pacientes com doença renal crônica há décadas, o procedimento não é isento de efeitos adversos.
Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, identificou um novo fator capaz de influenciar a ocorrência de uma das principais complicações da diálise, a amiloidose relacionada à diálise (ARD). Um artigo recente do grupo em Nature comenta que a ARD é uma complicação que acomete cerca de 10% dos pacientes com doença renal crônica dialisando há mais de 15 anos.
Na condição, a molécula proteica beta2-microglobulina (B2MG) se aglomera em longos filamentos que são as fibrilas amiloides e estas, por sua vez, se depositam em diferentes órgãos causando sintomas, principalmente articulares.
No estudo atual, a equipe partiu do conhecimento anterior de que níveis elevados de B2MG sérica e o maior tempo realizando procedimento de diálise são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de ARD. Entretanto, como nem todos os portadores com esses requisitos desenvolvem a condição, os pesquisadores investiram em procurar fatores adicionais que expliquem essa variabilidade. Para isso, amostras de soro sanguíneo tiveram sua influência sobre a formação de fibrilas de B2MG avaliadas.
O mesmo foi feito com o soro de pacientes há menor ou maior período de tempo realizando diálise. Curiosamente, foi descoberto que níveis mais altos de albumina tendem a proteger contra a ARD, assim como a realização de diálise de manutenção de curto prazo, que aumenta a albumina. Já a diálise de longo prazo, em que a doença crônica tende à hipoalbuminemia, como esperado, se relacionou com maior risco de ARD.
Após essas constatações, investigação no nível molecular descobriu que a albumina realiza ligações inespecíficas fracas com as moléculas de B2MG impedindo a formação de fibrilas em um fenômeno chamado apinhamento macromolecular.
Segundo os autores, seus dados sugerem os níveis de albumina como fator de risco para ARD e seu monitoramento como forma de prever e prevenir a ARD.
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